Gladstone de Oliveira,19, foi assassinado pelo ex da namorada, em Goiânia.
Rapaz se entregou e confessou; polícia concluiu que crime foi passional.
Gladstone de Oliveira, 19, foi morto com um tiro na
cabeça, em Goiânia (Foto: Arquivo pessoal)
A família do DJ Gladstone Assis de Oliveira, 19 anos, que foi morto a tiros no Setor Finsocial, em Goiânia, pede que o suspeito pelo crime, um rapaz de 20 anos, seja condenado. Após quase um mês foragido, o jovem, que era ex-marido da namorada da vítima, se entregou à Polícia Civil. A mãe do DJ, a técnica em enfermagem Vaneide de Assis Oliveira, diz que a prisão ainda não é suficiente para amenizar a perda. "Meu filho era tudo para mim, era minha alegria. Dói demais saber que ele se foi e quero que o responsável pague pelo que fez",
O crime ocorreu no último dia 12 de janeiro e foi apurado pela Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios (DIH). Para o delegado Maurício Massanobu, o assassinato foi cometido por ciúmes, já que o autor não aceitava o término do relacionamento com a garota. "O suspeito foi indiciado por homicídio qualificado por motivo torpe e com recuso que impossibilitou a defesa da vítima", explicou. O rapaz permanece preso na sede da DIH, onde aguarda por uma vaga no Centro de Prisão Provisória (CPP) de Aparecida de Goiânia.
Vaneide lembra que no dia do crime o filho saía de uma festa, onde tinha sido contratado como DJ, quando foi alvejado pelos tiros. “Gladstone estava de carona com um amigo e, de repente, foi abordado pelo jovem. Ele não desceu do carro, que permaneceu ligado, mas o rapaz chegou com truculência. Antes que meu filho pudesse esboçar qualquer reação, ele efetuou três disparos e um deles o acertou na cabeça”, relatou.
O DJ chegou a ser levado para o Centro de Assistência Integral a Saúde (Cais) do Setor Finsocial, mas não resistiu aos ferimentos. A mãe lembra que o coração do jovem permaneceu em funcionamento por cerca de 20 minutos. “O médico disse que ele teve morte cerebral, em função da lesão, pois o tiro entrou pela boca e saiu no ouvido, mas ainda demorou um pouco para a constatação da morte. Isso mostra como meu filho era forte e saudável”, lembra.
Após o crime, o suspeito pelos tiros fugiu. O colega que acompanhava a vítima e outras testemunhas prestaram depoimento à polícia e apontaram que ele foi o autor do assassinato. Dois dias depois do crime, foi pedida a prisão preventiva do rapaz. “Ele se entregou no último dia 6, acompanhado de um advogado, e confessou. No entanto, disse que ficou sabendo que a ex-mulher estava com um novo namorado e algumas pessoas o alertaram para tomar cuidado. A partir daí, ficou com medo, passou a andar armado e, ao ver o rapaz na rua, agiu em legítima defesa”, contou o delegado.
Apesar da alegação do suspeito, Massanobu diz que não tem dúvidas de que foi um crime passional. “Concluímos o inquérito e ele foi indiciado. Está claro que ele se vingou da vítima por ela estar com a ex-companheira. Segundo testemunhas, antes de atirar ele teria dito a Gladstone que ele estava levando os tiros para aprender a não mexer com a mulher dos outros”, ressaltou.
Gladstone atuava como DJ em festas há cerca de
um ano (Foto: Arquivo pessoal)
A mãe da vítima diz que, apesar de querer Justiça, sofre ao pensar que o suspeito ficará marcado pelo homicídio. “Ele destruiu a minha família e a dele também. A jovem que namorou o meu filho tinha um menino com ele e fico pensando que essa criança sofrerá ao saber que o pai cometeu um crime tão monstruoso e por um motivo fútil”, disse Vaneide.
Namoro recente
A mãe conta que o namoro do filho com a jovem durou cerca de dois meses. Ela não chegou a conhecer a moça pessoalmente. “O Gladstone começou a tocar como DJ há cerca de um ano. Ele tinha um monte de namoradinha, mas nada sério. Só fui mesmo saber que ele estava se relacionando com ela quando tudo aconteceu”, conta.
Para a mulher, o que mais dói é saber que o filho, que sonhava em fazer um curso técnico e também trabalhava como costureiro, teve a vida interrompida abruptamente. “Essa menina nem gostava do meu filho direito. Ela nunca me procurou para falar nada após o crime. O pior é que, ao que tudo indica, o relacionamento dela com o ex era conturbado e o Gladstone ficou no meio dessa confusão. Ele era um menino direito, trabalhador, que nunca se envolveu com coisa errada, e aí acabou morto por causa dela”, disse Vaneide.
Sofrimento
Gladstone trabalhava durante o dia em uma confecção e atuava como DJ em festas, aniversários e casamentos. A mãe garante que ele nunca teve nenhuma desavença no bairro em que morava e que ele era querido por todos. “Não é porque era meu filho, mas ele sempre foi muito alegre e tinha muitos amigos. Até agora a minha ficha não caiu direito, sofro muito, tenho um vazio enorme, e só eu sei como é difícil seguir em frente.”, afirmou a técnica em enfermagem.
O DJ tem outros dois irmãos, de 14 e 16 anos, e, segundo a mãe, todos estão muito abalados com a morte. “É muito difícil seguir em frente, pois ele faz muita falta. Por isso quero lutar enquanto tiver forças para que o rapaz que o matou pague por isso”, desabafou a mãe.
No último fim de semana, familiares e amigos do DJ fizeram uma manifestação pelo bairro em que ele morava para pedir o fim da violência. No próximo domingo (16), será realizada uma missa na Igreja São Pedro e São Paulo, no Setor Finsocial, para marcar um mês do assassinato. “Queremos manter a memória dele ativa e dizer que a vida não pode ter sido interrompida em vão”, concluiu Vaneide.
Familiares e amigos de Gladstone fizeram manifestação em Goiânia (Foto: Arquivo pessoal)Fonte/G1-GO